sábado, 31 de dezembro de 2011

A INFÂNCIA ETERNA DO CRENTE Pr. Juan Carlos Ortiz, pastor pentecostal na Argentina



A meu ver, a Igreja de hoje se defronta com três problemas básicos. O primeiro é o da infância eterna do crente. O segundo é o do crente fora de lugar. E o terceiro é a falta de unidade. Isso se tornou evidente para mim Quando revi minha própria situação na nossa Igreja. Embora estivéssemos acrescentando mais e mais nomes à nossa lista de membros, continuavam todos criancinhas, bebês a quem se tinha que ensinar as mesmas coisas anos após anos.
Nosso infantilismo é evidente nas nossas orações: “cure-me, ajude-me, batize-me, prospere-me, me, me, me”.
A centralização no “me”, no “eu” é infantil.

As crianças estão sempre pedindo: “me dá, mamãe! Me dá, papai! Me dá um real. Me dá um sorvete. Me dá isso. Me dá aquilo.”
Só a pessoa madura sabe partilhar, sabe doar, sabe dar. Quando eu era criança, vivia pe-dindo. Agora sei dar. Por que? Porque amadureci. Cresci, por isso devo dar, partilhar, doar.
As crianças estão sempre procurando presentes. Não querem frutos de uma vida nova, mas presentes. Se um pregador vem à nossa Igreja, muita gente que não costuma freqüentar o culto regular acorre para vê-lo. As crianças todas correm para assistir aos dons espetaculares e ver pessoas famosas, da mesma forma como é próprio da criança gostar de assistir a espetáculos de mágica. Crianças gostam de show, de espetáculo. Mas só as pessoas maduras vão atrás dos frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, etc...
O materialismo também é um sintoma de infantilidade. As crianças não sabem o valor das coisas. Facilmente uma criancinha com uma nota de cinqüenta reais na mão a trocará por uma barra de chocolate. Os membros da Igreja demonstram sua infantilidade pelo seu desejo de coisas materiais (boas casas, bons carros, dinheiro, poder, sucesso, etc...) deixando as coisas espirituais em segundo plano.
A falta de operários é uma outra evidência de nosso eterno infantilismo. Não entendo como pode ser, mas há pessoas que passam dez, vinte anos na Igreja e ainda não sabem como levar uma pessoa a Cristo. A única coisa que sabem é convidá-la para uma reunião. Dizem: Por que você não vem à nossa Igreja?” Temos bancos confortáveis, tapete novo, aquecedor no inverno e ar condicionado no verão. Temos um bom pregador também. Não quer vir?”
Vinte anos para aprender a convidar uma pessoa para uma reunião! Depois cabe ao pastor levar essas almas a Cristo, alimentá-las com o leite da Palavra, e batizá-las. Paulo pouco batizou em Corinto. Disse ele: “Acho que nunca batizei nenhum de vocês. Ah! sim, acho que batizei Crispo e Gaio” (1Co 1:14).
Leia Atos dos Apóstolos e verá que Crispo foi o primeiro que Deus salvou em Corinto e Gaio foi o segundo. Parece que Paulo batizou os dois primeiros cristãos de Corinto e eles evangelizaram, discipularam e batizaram os outros. Por que? Porque Paulo estava fazendo discípulos. Ele não estava engordando a Igreja, ele estava deixando que ela se multiplicasse.
Mas nas nossas Igrejas os pastores estão sempre fazendo as mesmas coisas porque as pessoas não crescem. Nós pastores estamos sempre pregando o ABC do Evangelho. Todo Domingo as pessoas vêm ao altar. Nós as colocamos nas classes para os principiantes, damo-lhes aulas sobre a Igreja, batizamo-las (e depois começamos um outro grupo). Mas enquanto começamos um outro grupo, essas primeiras pessoas ficam perdidas porque não as conduzimos até à maturidade. Somos como parteiros que trazem as crianças ao mundo. Mas muitas dessas crianças “morrem” (deixam de seguir a Jesus) porque não as acompanha-mos até à maturidade. Geralmente perdemos num ano tantas pessoas quanto ganhamos. Quase todas Igrejas estão conquistando pessoas, mas poucas das conquistadas permanecem na Igreja. Não as podemos educar na Igreja porque só temos eternas crianças. Crianças membros da Igreja, mas que não crescem, que não se tornam discípulos, que não fazem outros discípulos capazes de ser e fazer mais e mais discípulos por sua vez.
(...) Deus me disse claramente: “Aumentar rol de membros não é crescer. Vocês tinham 200 membros infantis e sem amor, depois 300, 500 e agora 600. Todas sem amor. Isso não é crescimento, mas adição. O que você tem, Juan, não é uma Igreja; é um orfanato. Ninguém lá tem pai; são todos órfãos e você é o diretor do Orfanato. E a cada dia chegam novas crianças. Aos domingos você enche uma garrafa de leite e diz: agora abram a boca. E você pensa que está alimentando o seu povo. (...)Os pastores devem levar as ovelhas à maturidade: ao discipulado e ao ministério”.
Do leite à carne, eis a resposta!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011